O Código de Defesa do Consumidor e a (hiper)vulnerabilidade da pessoa com deficiência
DOI:
https://doi.org/10.59237/jurisfib.v10i2.474Palavras-chave:
CDC, Hipervulnerabilidade, Pessoa com deficiênciaResumo
Atualmente, de acordo com o IBGE (2015) 24% da população brasileira é composta por pessoas com deficiência, sem contudo, a sociedade de consumo estar preparada para inclusão social desse grupo vulnerável no mercado consumidor. Em muitas situações, as pessoas com deficiência estão sujeitas a diversas formas de ilegalidades praticadas pelos fornecedores de produtos e serviços e expostas a práticas comerciais abusivas que podem causar danos materiais e morais. A inclusão social perpassa pela possibilidade de praticar, autônoma e independente, os atos da vida civil, entre eles relações jurídicas de consumo.
Nesse cenário, é indispensável a reflexão sobre a proteção jurídica da pessoa com deficiência consumidora a partir do Código de Defesa do Consumidor e os possíveis reflexos do reconhecimento de eventual vulnerabilidade em relação às práticas comerciais. O sistema de proteção jurídica da pessoa com deficiência necessariamente deve(rá) dialogar com microssistemas jurídicos diversos para construção adequado de respostas jurídicas que atendem às necessidades desse grupo social. Dessa forma, pretende-se verificar (i) a definição de pessoa com deficiência; (ii) os princípios justificadores do sistema de proteção da pessoa com deficiência e, (iii) o impacto no conceito de vulnerável previsto no CDC como condição de possibilidade para a proteção jurídica da pessoa com deficiência nas relações de consumo.
Downloads
Referências
ARAUJO, Luiz Alberto David. A proteção constitucional da pessoa portadora de deficiência e os obstáculos para efetivação da inclusão social. In: SCAFF, Fernando Facury (Org.). Constitucionalizando direitos: 15 anos de Constituição brasileira de 1988. Rio de Janeiro: Renovar, 2004.
BRASIL. Decreto 6.949 de 25 de agosto de 2009. Promulga a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de março de 2007. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d6949.htm. Acesso em: 01-10-2017.
BRASIL. Lei 13.146 de 06 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm. Acesso em 01-10-2017.
BRAGATO, Fernanda Frizzo. Sobre o conceito de minorias: uma análise sobre a racionalidade moderna, Direitos Humanos e Não-Discriminação. In: STRECK, Lenio Luiz; ROCHA, Leonel Severo; ENGELMANN, Wilson (Orgs.). Constituição, Sistemas Sociais e Hermenêutica: Anuário do Programa de Pós-Graduação em Direito da Unisinos. São Leopoldo: Karywa, Unisinos, 2018, p. 44-60.
DEFICIÊNCIA. Secretária de Direitos Humanos da Presidência da República. Novos Comentários à Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. Brasília: 2014.
DELMAS-MARTY, Mireille. Por um direito comum. Tradução de Maria Ermantina de Almeida Prado Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
ECHEVERRÍA, Javier. Interdisciolinariedad y convergência tecnocientífica Nano-bio-info-cogno. Sociologias, Porto Alegre, ano 11, n. 22, p. 22-53, jul./dez. 2009.
ENGELMANN, Wilson; ARRABAL, Alejandro Knaesel; FERRARESI, Camilo Stangherlim. As pessoas com necessidades especiais e as nanotecnologias: entre riscos, possibilidades e novos contornos para os direitos humanos. Revista Jurídica- Unicuritiba, Curitiba, v. 4, p. 179-206, 2017. Disponível em: http://www.mpsp.mp.br/ portal/page/portal/documentacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/bibli_servicos_produtos/bibli_informativo/bibli_inf_2006/Rev-Juridica-UNICURITIBA_n.49.10.pdf. Acesso em: 27 jun. 2019.
ENGELMAN, Wilson. As Nanotecnologias e a Gestão Transdisciplinar da Inovação. IN: ENGELMANN, Wilson (Org.). As Novas Tecnologias e os Direitos Humanos: os desafios e as possibilidades para construir uma perspectiva transdisciplinar. Pinhais: Honoris Causa, 2011. p. 297-336.
ENGELMANN, Wilson. A (re)leitura da teoria do fato jurídico à luz do “diálogo entre as fontes do direito”: abrindo espaços no direito privado constitucionalizado para o ingresso de novos direitos provenientes das nanotecnologias. In: STRECK, Lenio Luiz; MORAIS, José Luis Bolzan de. (Orgs.). Constituição, sistemas sociais e hermenêutica: anuário do programa de pós-graduação em direito da UNISINOS. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2011, n. 7.
FERRARESI, Camilo Stangherlim. O direito ao lazer da pessoa portadora de necessidades especiais na constituição federal. São Paulo: Porto de Ideias, 2010.
GUIBOURG, Ricardo A. Derecho, sistema y realidade. 2ª reimpresión. Ciudad de Buenos Aires: Astrea, 2010.
KELSEN, Hans. Teoría Pura Del Derecho. Introducción a los problemas de la ciência jurídica. Madri: Editorial Trotta, 2011.
MANFREDINI, Adile Maria; BARBOSA, Marco Antonio. Diferença e igualdade: o consumidor pessoa com deficiência. Revista de Direitos e Garantias Fundamentais. Vitória, v. 17, n. 1, p. 91-110, jan./jun. 2016. Disponível em: http://sisbib.emnuvens.com.br/direitosegarantias/article/view/635. Acesso em: 30 mai. 2020.
MARQUES, Claudia Lima. Superação das Antinomias pelo Diálogo das Fontes: o modelo brasileiro de coexistência entre o Código de Defesa do Consumidor e o Código Civil de 2002. Revista de Direito do Consumidor, São Paulo, v. 51, p. 34-67, jul./set. 2004.
MARQUES, Cláudia Lima; BENJAMIN, Antonio Herman V.; MIRAGEM, Bruno. Comentários ao Código de Defesa do Consumidor. 5.ª ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016.
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Conteúdo jurídico do princípio da igualdade. 3ª ed. 12ª tirag. São Paulo: Malheiros, 2004.
PÉREZ LUÑO, Antonio Enrique. Itinerarios doctrinales de lãs fuentes del Derecho. In: El desbordamiento de las fuentes del derecho. Madrid: La Ley, 2011.
PONTES DE MIRANDA. Tratado de direito privado: parte geral. Rio de Janeiro: Borsoi, 1954: tomo I: p. IX-XXIV (Prefácio); Capítulo I (p. 3-35)
PORTELA, Mario. La Sociedad Tolerante. Igualdad y No Discriminación. In: JIMÉNEZ, Eduardo Pablo. Igualdad, no discriminación y discapacidad: una visión integradora de las realidades españolas y argentinas. 1. ed. Buenos Aires: Ediar, 2006.
TEPEDINO, Gustavo. Crise de fontes normativas e técnica legislativa na parte geral do Código Civil de 2002. In: TEPEDINO, Gustavo. Temas de direito civil. Rio de Janeiro: Renovar, 2006, tomo II, p. 3-20.
TEPEDINO, Gustavo. O Código Civil, os chamados microssistemas e a Constituição: premissas para uma reforma legislativa. In: TEPEDINO, Gustavo (Coord.). Problemas de direito civil-constitucional. Rio de Janeiro: Renovar, 2000, p. 1-16.
SANTOS, Boaventura de Souza. Introdução: para ampliar o cânone do reconhecimento da diferença e da igualdade. In: SANTOS, Boaventura de Souza. Reconhecer para libertar: os caminhos do cosmopolitanismo multicultural. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
ite&UserActiveTemplate=mobile&infoid=49880&sid=11. Acesso em: 02 jul. 2019.